sexta-feira, 19 de junho de 2009

O que há por trás do ouvido biônico – Comunicação

Dentro da sua área de pesquisa, o que você define como distúrbio de comunicação?
Dra. Regina Célia Bortoleto Amantini: Distúrbio de comunicação é tudo o que vai desviar o padrão de normalidade para o paciente ter uma vida sociocultural normal. Mesmo uma perda moderada pode resultar em um distúrbio de comunicação. Por exemplo, um adulto que tem uma perda e usa aparelho, mas não está adequadamente adaptado. Ele pode estar numa reunião e ter dificuldade de compreensão e criar uma situação de transtorno ou até condutas erradas. Uma criança com uma perda moderada ou infecções de ouvido persistentes, mesmo que seja uma perda temporária, se estiver em fase de aprendizagem, ela pode ter um prejuízo na fala, como ela pode ter um prejuízo na alfabetização, e isso ela pode levar para o resto da vida se não for trabalhado a tempo. Assim, o distúrbio da comunicação não depende da idade e pode acontecer se o paciente nasceu com a perda ou se adquiriu. Com idosos, por exemplo, há uma doença chamada presbiacusia (envelhecimento das células auditivas), que resulta em dificuldade para compreender. É um distúrbio porque acarretará dificuldade na parte sociocultural e no convívio social dele.

Como é a comunicação sem a audição ou com deficiência auditiva?
Dra. Amantini: A gente tem aquele que se comunica só através da Libras, que é a comunicação gestual, ou a comunicação total, que é a Libras mais a situação de alguma leitura, esse é um caso. Você tem também aquele que adquiriu a perda depois de adulto, aí ele se comunica sem a audição através da leitura lábio-facial, essa é outra situação. Tem aquele paciente que se comunica e tem o benefício com o aparelho, mas é um aparelho limitado ou inadequado, ele vai ter uma restrição. Ele se comunica dentro do que é possível para ele, com certa dificuldade. Agora, não dá para fechar: adulto é assim, criança é assim, perda congênita é assim... não. Aqui mesmo a gente tem cinco funcionários e cada um tem um perfil. Quatro têm o mesmo tipo de perda. Um não fala nada, a outra fala e ela me entende pela leitura lábio-facial, a outra consegue desenvolver e até falar no telefone. São situações que vão depender de como foi estimulada a via auditiva, do que foi trabalhado com ele. Por exemplo, um paciente que tem 10 anos e nunca usou o aparelho, o perfil dele é muito diferente daquele que sempre usou aparelho, porque as células estão estimuladas.

Gostaríamos de saber sua opinião sobre essa conversa com a Dra. Amantini. Ela está respondendo às suas perguntas? Caso contrário, envie para nós suas dúvidas e buscaremos respostas. Dúvidas, críticas, sugestões e conteúdo são sempre muito bem-vindos!

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